A Aljava do guerreiro


ALJAVA DO GUERREIRO

Os filhos não são nossos filhos,
Eles são filhos da vida;
São como flechas nas mãos do guerreiro,
Os pais como arcos distendidos,
Tomam de suas flechas na aljava,
E disparam em direção ao alvo,
Para atingirem o seu destino!


Os filhos nos foram confiados por um tempo,
Temos que imprimir neles,
Nossos sonhos, nossas esperanças,
Ensiná-los a temer ao Senhor!
Fazê-los confiantes, seguros e destemidos,
Eles nos representarão na terra,
Quando já tivermos partido,
Devemos prepará-los para a vida,
Compartilhando tudo do melhor que temos,
Para que enriquecidos com nossas virtudes,
Possam por sua vez, enriquecer a vida de muitos!

Não podemos retê-los para sempre,
Eles não são nossa herança,
Eles são herança do Senhor;
E nasceram para cumprir um propósito,
Que muitas vezes nos escapa,
Mas que ao serem lançados,
Eles saberão descobrir o seu próprio caminho!


Assim também são nossos amigos,
Eles não permanecem para sempre,
Gostaríamos de prendê-los conosco,
Dentro de nossas aljavas,
Ficar mais um pouquinho perto de nós,
Para desfrutar de sua companhia,
De sua alegria,
De sua ternura,
De seus afagos,
E de seu amor exuberante!


Mas as circunstâncias da vida,
Nos roubam de nossos melhores amigos,
Quer seja pela distância,
Quer seja pelos embates da vida,
Quer seja por coisas mal resolvidas,
O certo é que perdemos,
E lamentamos profundamente!


Mas o lindo desta jornada,
É que tanto os filhos,
Como os nossos amigos,
Deixaram marcas profundas em nossa alma;
As suas pegadas ainda são visíveis,
E nem à distância, e nem o tempo,
Poderão apagar o sopro de suas vidas;
Elas são como fragrância finíssima,
Que mesmo depois de partirem,
Continuam exalando no ar,
O aroma perfumado de sua presença!


Eles continuam inspirando nossa caminhada,
E sussurrando em nossos corações,
O quanto foram importantes para nós,
E, ao partirem, levaram um pedacinho de nossas vidas,
Mas deixaram-nos também da sua lembrança,
Das alegrias compartilhadas,
Das lágrimas derramadas,
E das saudades que ficaram!


Todos nós fomos criados por amor e para o amor,
Não podemos viver plenamente,
Sem que haja uma troca mútua e constante,
Desse maravilhoso dom divino;
Devemos aproveitar hoje,
Dos filhos que ainda temos,
Dos amigos que dispomos;
Porque um dia chegará,
Em que eles não estarão mais ao nosso lado,
E não teremos mais a oportunidade,
De expressar o quanto foram importantes para nós,
E quanto os amamos verdadeiramente!


Meu desejo mais profundo aos que partiram,
(Quer sejam nossos filhos ou nossos amigos),
Que o vento do Espírito sopre em suas costas,
Que o sol da justiça brilhe em seus rostos,
E os impulsionem até alcançarem as estrelas mais distantes,
Onde um dia nos encontraremos novamente,
Nos portais eternos...
Que é o nosso destino final!

Moacir Ramos de Oliveira
Primavera de 2005